sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Plano de Aula: Diagnóstico do domínio da linguagem escrita

Diagnóstico do domínio da linguagem escrita


Objetivo

Identificar o domínio de cada aluno em relação aos padrões da linguagem escrita.

Conteúdos específicos

- Produção de texto.
- Fábulas.

Anos

Do 3º ao 5º ano

Material necessário

Folhas para escrever, lápis e borracha.
No caso de alunos com deficiência intelectual, providencie, também, uma prancha de comunicação.

Flexibilização

Para alunos com paralisia cerebral, mas com um nível razoável de compreensão, ofereça uma explicação individual a respeito da atividade que será realizada e marque no quadro todas as etapas da aula. A repetição é fundamental para o acompanhamento.

Ao invés de realizar o trabalho de reprodução da fábula individualmente, divida a turma em duplas, para que o aluno seja apoiado por um colega. Ambos devem discutir o enredo da fábula, mas o aluno sem deficiência servirá como escriba. Caso o aluno seja incapaz de falar com clareza, uma alternativa é utilizar uma prancha de comunicação - um cartaz com imagens e trechos da fábula para que o aluno com deficiência possa apontar (com as mãos ou pés) os elementos sobre os quais deseja contar algo.

Se necessário, estenda o tempo da atividade e oriente os familiares do aluno com deficiência para que releiam a história com ele em casa, antes da produção textual.


Desenvolvimento

1ª etapa

Converse com a turma sobre a atividade que você vai propor, explicando que ela será importante para o planejamento das próximas aulas e vai ajudar todos a escrever com mais segurança. A tarefa é reproduzir por escrito uma fábula (de conhecimento da turma) que será lida por você em sala.

2ª etapa

Depois da leitura, converse sobre o enredo para que as crianças se familiarizem ao máximo com a história. Você pode solicitar que contem a fábula oralmente para ter a certeza de que
todos têm condições de reproduzi-la por escrito. Por fim, peça que os alunos a escrevam por conta própria.

Flexibilização para deficiência intelectual

Peça à família ou ao AEE que leiam mais vezes a fábula escolhida e que o aluno a reconte. Em classe, tenha uma conversa antecipada com ele para que possa perceber melhor o comportamento esperado. Proponha ao grupo um reconto oral em que cada um conte parte da fábula. Combine antes qual será lida por ele. A escrita da fábula pode ser feita em dupla, se ele não for alfabético. Nesse caso, o colega será o escriba.

Avaliação

O diagnóstico é feito ao analisar os textos de acordo com uma lista de problemas e dificuldades previamente estabelecida, que considere tanto padrões de escrita como características do gênero escolhido. No caso das fábulas, uma sugestão possível é a seguinte:

Padrões de escrita

- Apresenta muitas dificuldades para representar sílabas cuja estrutura seja diferente de consoante-vogal.
- Apresenta erros por interferência da fala na escrita em fim de palavras.
- Apresenta erros por interferência da fala na escrita no radical.
- Troca letras ("c"/"ç", "c"/"qu", "r"/ "rr", "s"/"ss", "g"/"gu", "m"/"n") por desconhecer as regularidades contextuais do sistema ortográfico.
- Troca letras ("c"/"ç"/"s"/"ss"/"x", "s"/"z", "x"/"ch", "g"/"j") por desconhecer as múltiplas representações do mesmo som.
- Realiza trocas de consoantes surdas (produzidas sem vibração das cordas vocais, como "p" e "t") e sonoras (com vibração das cordas, como "b" e "d").
- Revela problemas na representação da nasalização ("ã"/"an").
- Não domina as regras básicas de concordância nominal e verbal da língua.
- Não segmenta o texto em frases usando letras maiúsculas e ponto (final, interrogação, exclamação).
- Não emprega a vírgula em frases.
- Não segmenta o texto em parágrafos.
- Não dispõe o texto (margens, parágrafos, títulos, cabeçalhos) de acordo com as convenções.

Flexibilização para deficiência intelectual

Se o aluno ainda não dominar a escrita, explore bastante o reconto oral e a leitura das ilustrações. O reconto pode ser gravado em áudio e explorado junto com todo o grupo.

Características do gênero

- Modifica o conflito principal da história.
- Não evidencia a relação entre os personagens.
- Não constrói o clímax.
- Transforma o desfecho da história.
- Não constrói o texto de modo a retomar ideias anteriores para dar unidade de sentido (coesão referencial).
- Não usa marcadores temporais.

Assim que preencher a análise de todos os alunos, faça a tabulação dos dados. Se você tiver acesso a um computador e um software de edição de planilhas (do tipo Excel), esse trabalho poderá ser feito com mais rapidez. Consolide os dados e verifique quantas vezes os problemas listados aparecem no texto de cada criança. Em seguida, registre o total de vezes que esse problema aparece em todo o grupo. Com base nesse diagnóstico, liste os problemas principais que precisam ser trabalhados com toda a turma, tratando-os como conteúdos prioritários para o semestre.

Essa análise também vai permitir que você identifique dificuldades individuais dos alunos. Uma opção para tratá-las é planejar atividades em grupos, desde que eles reúnam alunos com diferentes níveis de conhecimento. Dessa forma, os estudantes mais avançados poderão interagir com aqueles que têm dificuldades para que possam se desenvolver juntos.

Tenha cuidado ao formar esses grupos. O nível de conhecimento dos alunos deve ser variado, porém, não muito. Caso contrário, corre-se o risco de o aluno com dificuldade não conseguir acompanhar o colega mais avançado.


Consultoria: Cláudio Bazzoni

Assessor de Língua Portuguesa da prefeitura de São Paulo e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, com base no documento Aprender os Padrões da Linguagem Escrita de Modo Reflexivo, da prefeitura de São Paulo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Musica de qualidade para crianças: Palavra Cantada

A Palavra Cantada existe desde 1994, quando os músicos Sandra Peres e Paulo Tatit propuseram criar novas canções para as crianças brasileiras. 



Em todos os trabalhos que realizaram desde então, tornaram-se linhas marcantes a preocupação com a qualidade das letras, arranjos e gravações e o respeito à inteligência e à sensibilidade da criança.





Uma ótima proposta para atividades lúdicas com crianças (exemplo: percussão corporal, com latinhas, conhecimentos sobre a cultura regional, parlendas, cantigas de roda...), ou simples (simples?) e inspirador fundo musical para horas de brincar.

Para conhecer mais sobre o grupo Palavra cantada, visitem: 
www.palavracantada.com.br

Vários álbuns estão disponíveis gratuitamente e online no site www.radiouol.com.br, basta realizar a busca através do nome do grupo.


Deliciem-se, compartilhem a dica com colegas de trabalho, e utilizem com seus alunos!



Contribuições da Educação Física

A Educação Física é disciplina componente obrigatória da Educação Básica, estando presente, muitas vezes, desde a Educação Infantil.

Porém, sua contribuição e importância no contexto escolar é um assunto que divide opiniões.
Vamos conversar sobre isso?







Ama-se ou odeia-se.


Em geral, os alunos que amam são:
- a maioria dos meninos, que trazem uma ideia associativa entre masculinidade e futebol...
- os praticantes de esporte...
- aqueles que se destacam positivamente da turma por suas habilidades com a bola... 

Os que odeiam são:
- a maioria das meninas, possuidoras da ideia do esporte como totalmente masculino...
- os mais gordinhos, que não movimentam-se com agilidade...
- os magrinhos, fracos e frágeis demais para encarar os inevitáveis "trombões" contra os colegas, e tombos...
- os baixinhos, que não chegam nem perto da rede de vôlei ou da cesta de basquete...

O que é inevitável é que a Educação Física trás alguma contribuição para os alunos, professores, e interfere na ordem da escola.

Muitos dizem que acarreta uma "desordem".

Muitos professores de classe preferem que seus alunos frequentem a aula de Educação Física nas vésperas do horário de saída, pois se voltarem para a aula o rendimento será diminuído pela euforia. Ou então, ministram as aulas mais complexas (matemática, português), antes da Educação Física, pois acham que posteriormente a ela não seria possível.

Os alunos consideram a aula de Educação Física livre, momento de diversão, extensão do intervalo.
Realmente nestas aulas, cabem atividades mais divertidas. A euforia muitas vezes toma conta dos alunos e até dos professores. Há ansiedade pela vitória do desafio, e há felicidade quando isso ocorre. O trabalho em equipe trás conflitos e resoluções de conflitos.

E podemos/devemos, nós, professores, aprender algo com a Educação Física.


Um bom professor de Educação Física (aquele que tem planejamento de aulas, desenvolve procedimentos e objetivos pedagógicos), trabalha não somente os esportes mais comuns (futebol, volei, basquete, handbol), mas também jogos cooperativos, atividades corporais individuais e em equipe, condicionamento físico e ginástica geral. O lúdico muitas vezes é presente neste contexto, o que torna a aula muito mais prazerosa e divertida. Desta forma, consegue-se o aceitamento e participação, se não total, da grandíssima maioria da turma.

Nessas aulas, muitas vezes ocorre que quem destaca-se positivamente é justamente aquele que destaca-se negativamente no rendimento escolar (sala de aula, notas) e na questão da disciplina. Esta questão muitas vezes coloca a Educação Física ou Informal ("libertadora") como rival da Educação Formal ("disciplinadora").

A realidade é que devíamos tornar a Educação Formal, Conteudista, de dentro da sala de aula, um pouco mais próxima da Educação Física.



Mas em quais aspectos?

As atividades lúdicas, mesmo que não necessariamente presentes em todas as aulas de Educação Física, apresenta-se em muitas delas. O mesmo pode ser feito em aulas de conteúdos mais complexos. 










Até mesmo a disposição das carteiras e dos alunos dentro da sala de aula não é necessária para que se aprenda conteúdos. O uso da sala de aula é totalmente discutível quanto à sua necessidade em todos os momentos do ensino, já que muitas aulas podem ser feitas no espaço externo da escola, com todos os alunos sentados no gramado do campo de futebol, ou assistindo a uma aula no pátio da escola em um dia de calor.




O que me parece bem importante na Educação Física, é a não hierarquização dos personagens. 
Em uma equipe, todos estão no mesmo patamar de importância, de visibilidade, e o professor pode, inclusive, tornar-se parte de uma das equipes, ou da equipe total.

A questão dos desafios propostos pela Educação Física, os obstáculos físicos, também podem ser adaptados no ensino de Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Inglês, enfim. 
Dispor os alunos em equipes de trabalho para realizarem em conjunto uma atividade, para que adquiram um conhecimento, gera uma alegria importantíssima para a motivação do aluno. Alegria muitas vezes presente quando faz-se um gol no futebol, ou uma cesta no basquete.
Os alunos podem sentir euforia, ansiedade, conversar com os colegas, aprender com a equipe, e vibrar com o aprendizado.

Logicamente, em toda proposta de atividade, mesmo que lúdica, divertida ou até "livre", deve obrigatoriamente, ter uma finalidade, um objetivo pedagógico, mas nós, professores e futuros professores, temos muito o que aprender com os bons profissionais de Educação Física.

Devemos aceitar a "desordem", ou a "ordem peculiar" que a Educação Física trás para a escola.

É hora de mudar os conceitos, melhorar o ensino, e aumentar o estímulo de nossos alunos!


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Brincadeiras para Educação Infantil


Desenvolver atividades em Educação Infantil não é nada fácil, em razão dos alunos serem muito pequenos e ainda por não corresponderem de forma motora a muitas atividades. Assim, seguem algumas sugestões que poderão auxiliar o professor no cotidiano da sala de aula, bem como fora dela.

Abaixo algumas sugestões de atividades divertidas, e que, pedagogicamente, estimulam o espírito de coletividade, a cooperação das crianças, além da competitividade benéfica (quando bem trabalhada e dosada) e desenvolvimento da psicomotricidade.



Caixa de Sensações: 

O professor pode encapar uma caixa de tênis fazendo um furo em forma de círculo, com dez centímetros de diâmetro. O professor deverá organizar materiais como retalhos, flocos de algodão, pedaços de lixa, tampinhas, caixinhas e outros objetos e ir colocando-os por uma das extremidades, a fim de que a criança, com a mão do outro lado, identifique o material.





Caminho Colorido:
 

Com folhas de papel pardo, faça um caminho para que as crianças carimbem os pés, com tintas coloridas. É uma atividade que envolve muito as crianças, e as deixam muito felizes.





Toca do Coelho:

Dispor bambolês no pátio da escola de forma que fiquem duas crianças em cada um e que sobre uma fora do bambolê. Ao sinal do professor, as crianças deverão trocar de toca, entrando duas em cada um. Sempre sobrará uma criança fora da toca.





De onde vem o cheiro? 

A professora irá passar perfume em um paninho e o esconderá na sala, num lugar fácil, onde os alunos deverão descobrir de onde vem o cheiro.



Dentro e Fora: 

Fazer uma forma geométrica bem grande no chão e pedir que as crianças entrem na delimitação desse espaço. Se quiser o professor poderá fazer outra forma dentro da que já fez onde irá pedir que os alunos adentrem também, explorando ainda que se a forma é pequena eles irão ficar apertados.

Arremesso: 

O professor fará uma linha no chão, usando fita crepe e as crianças deverão arremessar garrafinhas plásticas cheias de areia, para frente. O professor irá medir as distâncias e verificar quem conseguiu arremessar mais longe. Depois, em sala de aula, poderá fazer um gráfico explicativo.


Pneus: 

Esses podem ser usados para várias brincadeiras, como pular dentro e fora, se equilibrar andando sobre a parte de sua lateral ou ainda quem consegue rolar o pneu de um determinado lugar até outro sem deixá-lo cair.





Que som é esse?

Com faixas de tnt preto, vendar os olhos dos alunos e fazer diferentes barulhos usando instrumentos musicais, latas, brinquedos, etc., a fim de que as crianças identifiquem os mesmos.




Caixa Surpresa: 

Com uma caixa de papelão encapada, o professor irá mandar para a casa de um aluno a fim de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O professor vai fazendo descrições do material, até que as crianças descubram o que é.

Pega-Pega Diferente: 

Dividir a turma em dois grupos e identificá-los com lenços ou fitas de cores diferentes. Após o sinal do professor os grupos deverão pegar uns aos outros e a criança pega deverá ficar num espaço delimitado pelo professor. Vence o grupo que tiver mais pessoas que não foram pegas









Por Jussara de Barros

Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

(adaptado)

Me ajuda a olhar

Tudo o que somos é resultado das influências que absorvemos: do meio em que vivemos, das pessoas com quem convivemos, dos ambientes em que frequentamos... 

Além de sermos influenciados/modificados, também influenciamos/modificamos aos outros. 

Essa troca é totalmente inevitável, e pode ser benéfica ou maléfica, mas jamais saímos neutros ou ilesos enquanto nos relacionamos com o próximo. 

Nem a nossa visão é totalmente nossa, nem o nosso pensamento, nossas ideias... Tudo o que se é, se enxerga, se pensa, é resultado daquilo que se ouve, ou até do que se pensa que acham sobre aquilo a que se referimos.

Que possamos exercer boas influências na vida de outros. Que ajudemos a olhar melhor e ver nas coisas mais belas do mundo, belezas maiores ainda!



“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me ajuda a olhar!”

“O livro dos abraços” – Eduardo Galeano (Porto Alegre: L & PM, 2005, p.15)

História da Educação no Brasil


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ser professor - Santuza Abras (2000)

Ser professor é professar a fé e a certeza de que tudo terá valido a pena se o aluno sentir-se feliz pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou...
Ser professor é consumir horas e horas pensando em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo todos os dias, a cada dia é única e original...
Ser professor é encontrar pelo corredor com cada aluno, para ele sorrindo, e se possível, chamando-o pelo nome para que ele se sinta especial...
Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e, diante da reação da turma, transformar o cansaço numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender... 

Ser professor é envolver-se com seus alunos nos mínimos detalhes, vislumbrando quem está mais alegre ou mais triste, quem cortou os cabelos, quem passou a usar óculos, quem está preocupado ou tranquilo demais, dando-lhe a atenção necessária...
Ser professor é importar-se com o outro numa dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser professor é equilibrar-se entre três turnos de trabalho e tentar manter o humor e a competência para que o último turno não fique prejudicado...
Ser professor é ser um "administrador da curiosidade"de seus alunos, é ser parceiro, é ser um igual na hora de ser igual, e ser um líder na hora de ser líder, é saber achar graça das menores coisas e entender que ensinar e aprender são movimentos de uma mesma canção: a canção da vida...
Ser professor é acompanhar as lutas do seu tempo pelo salário mais digno, por melhores condições de trabalho, por melhores ambientes fisicos, sem misturar e confundir jamais essas lutas com o respeito e com o fazer junto ao aluno.Perder a excelência e o orgulho, jamais!
Ser professor é saber estar disponível aos colegas e ter um espírito de cooperação e de equipe na troca enriquecedora de saberes e sentimentos, sem perder a própria identidade.
Ser professor é ser um escolhido que vai fazer "levedar a massa" para que esta cresça e se avolume em direção a um mundo mais fraterno e mais justo.
Ser professor é ser companheiro do aluno, "comer do mesmo pão", onde o que vale é saciar a fome de ambos, numa dimensão de partilha..
Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena, sem sair do espetáculo".
Ser professor é apontar caminhos, mas deixar que o aluno caminhe com seus próprios pés...




É livro ou brinquedo? Os livros com efeitos como contribuintes na formação da criança-leitora













Um suporte que mistura um pouco de cada um desses elementos pode ajudar a formar leitores desde que selecionados e trabalhado com critério.


Nos momentos dedicados à leitura, tanto em sala quanto na biblioteca da Educação Infantil do Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), no Rio de Janeiro, as crianças têm acesso a vários livros: com muito ou pouco texto, somente ilustrados, literários e informativos, entre outros. O trabalho com o material é levado a sério pelos educadores. "O contato com as estantes e a chance de escolher um entre diversos títulos e folheá-los faz parte do desenvolvimento do comportamento leitor dos pequenos", diz Elisa Creuza de Jesus, educadora da creche. 

No acervo, também estão disponíveis livros-brinquedos: do tipo pop-up (com imagens em dobradura que saltam das páginas), com texturas, sons e abas que, quando abertas, revelam novidades. Embora muita gente ainda tenha dúvidas sobre esse suporte e torça o nariz para os recursos que dividem espaço com ilustrações e textos, a equipe do Ceat aposta nele. Assim como as edições tradicionais, eles também são livros - e proporcionam interações diferentes. 


O bom livro-brinquedo contribui para que o leitor viva uma experiência literária sem deixar de ser uma diversão relacionada ao brincar, que também é uma forma de interagir com o mundo. E vale registrar que a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) reconhece a categoria como legítima a ponto de, desde 1997, destinar um espaço para essas publicações no Prêmio FNLIJ, concedido anualmente. 

É claro que para ser considerado livro o material precisa reunir algumas características básicas e ser usado como tal. Por exemplo: as informações precisam estar dispostas em páginas de forma que o leitor possa folheá-las, observar seu conteúdo e seguir a narrativa. 

Recursos devem ajudar a contar a história 


Nem tudo o que está disponível no mercado é interessante e tem qualidade. Trabalhar com afinco na escolha do que fará parte do rol de leitura da turma requer analisar os títulos um a um. É sua responsabilidade escolher bons materiais, elaborados com cuidado estético e com textos bem escritos. 

Além disso, é preciso avaliar se os mecanismos disponíveis ajudam a construir o enredo. Uma das características mais importantes da literatura é o mistério, a fantasia, o não dito -, o que o leitor está por descobrir. "Os artifícios do livro devem contribuir para isso. Se o texto, as imagens e outros recursos deixam tudo explícito, perde-se a graça", explica Ninfa Parreiras, mestre em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Letra Falante, grupo de leitura e de pesquisa de literatura infantil e juvenil, em São Paulo. 

Há livros-brinquedos que se aproximam mais de brinquedos devido ao formato e aos artifícios disponíveis, deixando a história em segundo plano. Isso pode parecer interessante para estimular os sentidos e entreter as crianças, mas não as aproxima da leitura. 

No mais, o formato precisa ser levado em conta. "Exemplares muito grandes ou pesados demais dificultam a manipulação pela criançada", conta Ninfa. Porém, mesmo que intervenções do tipo pop-up pareçam delicadas para mãozinhas desajeitadas, os pequenos não devem ser privados de mexer nelas - para evitar páginas rasgadas, por exemplo. Um dos objetivos do trabalho com o livro-brinquedo é justamente despertar a vontade de entrar em contato com ele. 

Como leitor experiente, você deve servir de modelo: mostre a forma adequada de manuseio, virando as páginas e mexendo no papel com cuidado, enquanto explica em voz alta o que está fazendo. Ainda assim, danos vão ocorrer - às vezes será possível repará-los, outras não e tudo bem. Tenha consciência de que isso faz parte do processo de aproximação da turma com o universo da leitura. 

"Para que possam manusear o livro, me aproximo de cada uma das crianças e pergunto se querem tocá-lo. Depois da leitura em roda, organizo momentos para que todas tenham a oportunidade de folhear e explorar os títulos sozinhas", fala Elisa, do Ceat. Assim, os pequenos têm oportunidade de fazer descobertas com tempo e autonomia e seguem construindo sua trajetória como leitores. 


Sugestões de livros-brinquedo:






A Verdadeira História de Chapeuzinho Vermelho
Agnese Baruzzi e Sandro Natalini
18 págs.
Ed. Brinque-Book


Cabeças
Matthew Van Fleet
16 págs.

Ed. Globo








O Livro de Pano do Bebê - Cachorro
Rettore
8 págs.

Ed. Todo Livro







O Sapo Bocarrão
Keith Faulkner
12 págs.
Ed. Companhia das Letrinhas





Só mais uma história
Dugald Steer e Elisabeth Moseng
14 págs.
Ed. Brinque-Book








Quimonos
Annelore Parot
32 págs.
Ed. Companhia das Letrinhas





Para refletir... Qual a razão da existência humana?


"A menos que se admita a existência de Deus, a questão sobre o propósito de vida não tem sentido"
Bertrand Russel - ateu

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Era uma vez... O menino que concertou o mundo

Em uma simples observação sobre o mundo em que vivemos, é fácil perceber que a calamidade é total. As pessoas não têm amor, não respeitam, não têm compaixão, não tem agem com responsabilidade.
Estive pensando na importância de ser professor. Auxiliamos na formação das pessoas, e temos a belíssima oportunidade de ajudar a torná-las melhor ou pior.









Professor:
 Ajude a consertar o mundo
Ajude a concertar o homem!









Era uma vez…


Um cientista andava muito preocupado com os problemas do Mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Para isso passava dias inteiros trabalhando no seu escritório longe de distrações para assim poder estar mais concentrado na busca de encontrar as soluções das suas dúvidas. 

Um dia, o seu filho de 7 anos conseguiu entrar no seu escritório e dizia ele, na sua ingenuidade, disposto a ajudá-lo a encontrar as soluções que seu Pai há tanto tempo andava a estudar e não conseguia resolver. 

O pai, por um lado, não pretendia magoar o filho que o queria ajudar. Por outro, tentava lhe criar algo que o entretivesse durante muito tempo, assim poderia ter o sossego suficiente para continuar concentrado nos seus estudos. Lembrou-se de agarrar numa folha que tinha estampado o mapa-mundo e recortando-o criou um quebra-cabeça com os diversos países e deu-lhe pedindo ao filho que juntasse as peças ajudando-o assim a concertar o mundo.

O filho lá ficou entretido a um canto procurando encontrar a solução, enquanto seu Pai continuava preocupado na resolução dos problemas que afetavam o Mundo!

Qual não foi o espanto de seu pai quando o filho pouco tempo depois lhe apareceu com o mapa-mundo todo certinho. Dizia-lhe que já não era preciso o Pai estar preocupado, pois ele tinha já solucionado o problema.

O pai que sabia que o filho não era conhecedor da disposição geográfica dos diversos países no mundo procurou saber como é que ele conseguira resolver o problema tão depressa.
Aí ele explicou-lhe:

- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi ai que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a concertar o homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e descobri que tinha conseguido concertar o mundo. 
 


Autor desconhecido

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O lúdico no ensino da Matemática

Quem não se lembra das massantes aulas de matemática? Onde se tinha que fazer milhares de exercícios, resolver problemas cabeludos, e usar várias fórmulas que custavam a demonstra-se com algum sentido ou utilidade para a nossa vida?
Pois saibam, professores e professoras, que o lúdico pode ser usado no ensino da matemática, e serve de grande e positiva influência no aprendizado dos alunos.
Como pode ser feito esse trabalho?

Através da aplicação de jogos manipulativos ou computacionais.


Exemplos:

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Kalah, ou Jogo da Colheita




Este jogo faz parte de uma família de cerca de 200 jogos denominados Mancala que, na variedade, ficou conhecida como o "jogo nacional da África". A palavra Mancala origina-se do árabe Naqaala que significa mover. Sua origem mais provável é o Egito. Acredita-se que os Mancalas teriam sido trazidos para as Américas pelos escravos africanos, o que seria mais uma contribuição cultural dos negros ao novo continente. Os tabuleiros podem ser feitos de diferentes materiais, depende da criatividade de cada um, mas deve seguir sempre a estrutura ao lado.








Veja a seguir alguns exemplos de tabuleiros do Kalah, feitos com materiais recicláveis:





Objetivo do jogo:
Para ganhar, o jogador tem como objetivo arrecadar o maior número de sementes ao final da partida em seu Kalah. Caso os dois kalahs tiverem, ao final da partida, o mesmo número de sementes, um empate deverá ser declarado.

As regras do jogo:

1 - Para iniciar o jogo, distribui-se 3 sementes em cada espaço, com exceção dos centrais que deverão conter 4 sementes. Os kalahs, situados nas laterais, devem ficar vazios.

2 - Os jogadores fazem suas jogadas alternadamente, procurando sempre acumular sementes em seu kalah.

3 - Cada jogador, na sua vez, escolhe uma casa do seu lado do tabuleiro, pega todas as sementes dessa casa e as distribui uma a uma em cada casa localizada à sua direita, sem pular nenhuma casa e nem colocar mais de uma semente em cada casa.

4 - Cada vez que passar pelo seu Kalah, o jogador deve deixar uma semente, continuando a distribuição no lado do adversário e não colocando sementes no Kalah do outro jogador (pula este Kalah).

5 - O jogo termina se um dos jogadores, na sua vez, não tiver mais sementes para movimentar. Os jogadores comparam seus Kalahs para determinarem quem tem mais sementes sendo, consequentemente, o vencedor.

Quando as primeiras regras já assimiladas possibilitarem o desenvolvimento do jogo sem muitas dúvidas, deverá ser introduzida, uma de cada vez, duas novas regras que exigem antecipação e planejamento das jogadas. São elas:
  
6 - Sempre que a última semente colocada cair no Kalah do próprio jogador, este tem o direito a jogar novamente. Ou seja, deverá escolher uma nova casa, pegar as sementes nela existente e distribuí-las uma a uma nas casas seguintes. Essa regra pode se repetir várias vezes numa mesma jogada, basta que a última semente colocada caia no Kalah várias vezes seguidas.

7 - Se a última semente colocada pelo jogador cair numa casa vazia, do seu lado do tabuleiro, o jogador "captura" todas as sementes do adversário que estiverem na casa diretamente à frente desta e coloca-as no seu próprio Kalah. Neste caso o jogador não ganhará outra jogada.

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Sudoku:

O sudoku não é um passatempo antigo que só agora foi descoberto ou divulgado. Sudoku é uma palavra japonesa que significa “números que devem estar sós”. No Japão, este puzzle tornou-se popular em 1986, mas só em 2005 se popularizou internacionalmente. A palavra “sudoku” é uma marca registada pelo editor de puzzles japonês Nikoli, Co., mas o puzzle foi criado por Howard Garnes em 1979, em Nova Iorque. Mas, são os “quadrados mágicos” do matemático suíço Euler, (1707-1783) que estão na base do conceito do sudoku !

Em 1989, um editor de jogos de computador fez a sua versão e não demorou muito que surgissem programas informáticos que gerassem sudokus. Os puzzles sudoku apareceram pela primeira vez no jornal a 12 de Novembro de 2004, no The Times.Logo outros jornais o seguiram, com outros criadores de sudokus e alastrou-se a todo o mundo, em papel, no computador, no telemóvel...

Como se joga?
Um sudoku é um jogo em que se têm de preencher as casa vazias com algarismos de 1 a 9, de modo a que o mesmo algarismo não se repita em cada linha, coluna e quadrado. 
Um jogo sudoku tem a ver com a lógica. Para facilitar a resolução de um sudoku deve procurar-se para cada casa quais os números que a podem ocupar – que são os que não aparecem já na linha, coluna e quadrados que correspondem a esse bloco. Nas casas em que só surgem um número, esse é o certo e definitivo, depois é prosseguir com o mesmo processo.  Só há uma solução para cada jogo sudoku.
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Para jogos computacionais, com uma simples busca no Google pode-se encontrar vários jogos. O professor deve conhecer e dominar o jogo antes de aplicar ao aluno.


Site de jogos de matemática:

www.jogosdematematica.net/
clickjogos.uol.com.br/jogos-de-matematica/
rachacuca.com.br/jogos/tags/matematica/


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Lembro que os jogos podem e devem ser utilizados na sala de aula ou no contexto escolar para auxiliar no ensino e aprendizado de matemática, porém não deve ser adotada a prática puramente por modismo ou diversão. O profissional deve ter em mente o objetivo pedagógico com a prática, além de avaliar posteriormente, se o resultado esperado foi ou não atingido.

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 Saiba mais sobre o assunto!!!



Jogo, Briquedo, Brincadeira e a Educação
Organizado por: Tizudo Morchida Kishimoto
Autores: vários contribuidores









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Artigo de autoria de:

Maiara Roncolatto de Carvalho


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ponta da Língua


Cheia de graça é a nossa língua, portuguesa. 
Você nem precisa aprender o á-bê-cê para rir com ela. 
Desde pequeno já ouve dizer que mentira tem pernas curtas. 
E mentira tem pernas? 
E a verdade? A verdade tem pernas longas? 
E quando dói a barriga da perna? 
Ou quando ficamos de orelha em pé? 
O que a barriga tem a ver com a perna, e orelha com o pé? 
Pra ser divertido, não leve nada ao pé da letra! 
Até porque letra não tem pé. Ou tem? 
Pé-de-meia é o dinheiro que a gente economiza. 
Pé-de-moleque, doce de amendoim. 
Dedo de prosa é papo rápido. 
Dedo-duro é traidor. 
Pão-duro, pessoa egoísta. 
E boca da noite? E céu da boca? 
É uma brincadeira atrás da outra! 
Cabeça de cebola, dente de alho, braço de mar. 
Com a nossa língua, a gente pode pegar a vida pela mão. 
Pode abrir o coração. Pode fechar a tristeza. 
A gente pode morrer de medo e, ao mesmo tempo, estar vivinho da silva. 
Pode fazer coisas sem pé nem cabeça. 
Mas brincar com palavras também é coisa séria. 
Basta errar o tom e você vai parar no olho do furacão. 
Então, divirta-se. Cuidado só para não morder a língua portuguesa! 



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O aluno colou? É hora de discutir avaliação. E regras


Melhor do que redobrar a vigilância é diversificar os meios de checar a aprendizagem. Na hora do flagrante, no entanto, não deve faltar uma boa conversa.

As táticas da cola são criativas: pedacinhos de papel pregados na sola do sapato ou camuflados em canetas, mangas de blusa ou na aba do boné. Fórmulas matemáticas ou textos minúsculos também são escritos pelos adolescentes na parede ou num cantinho da carteira. Você pode até tentar descobrir e reprimir as variadas estratégias - algumas bem antigas, outras até tecnológicas. Mas não é assim que o problema vai se resolver. Se seus alunos estão sempre colando, a primeira providência é entender o porquê. Talvez eles estejam manifestando insegurança, mostrando que não se ajustam a um ensino que privilegia a "decoreba" ou se recusando a quebrar a cabeça para provar que sabem coisas pelas quais não se interessam. De qualquer modo, essa burla às regras mostra que não há compromisso com as normas escolares e que falta eficiência ao sistema de avaliação.
Entre os motivos estão a exigência de decorar fórmulas e a aplicação apenas de provas como forma de verificar o avanço da turma. Testes de múltipla escolha, é bom lembrar, são um convite a esse tipo de fraude. O primeiro antídoto para desestimular a cópia - seja de um papelzinho, do caderno ou do vizinho - está na forma como a escola encara a avaliação.
"Se o professor avalia continuamente, passando tarefas menores, gradativas e seqüenciais, pode verificar com clareza a aprendizagem do aluno em vários momentos e de forma complementar", diz a consultora Jussara Hoffmann, de Porto Alegre. A especialista em avaliação defende em teoria o que já comprovou quando lecionava Língua Portuguesa. "Eu evitava a cola passando tarefas como uma redação, que propiciavam ao aluno responder de forma criativa e singular."
Na Escola Municipal Barbosa Romeo, em Salvador, os professores não reclamam de cola. O motivo é a proposta pedagógica da escola, que prevê como princípios valorizar o conhecimento prévio do aluno e contribuir para que ele se torne ativo e crítico. "Não queremos que os estudantes só ouçam, memorizem e respondam", diz Lane Cristina França Oliveira, professora de História e Geografia. A alternativa a esse sistema é uma avaliação processual, feita no dia-a-dia, sem necessariamente haver a aplicação de testes. Os projetos propostos têm relação com a vida e a cultura dos jovens.
Como evitar as fraudes
No Colégio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, não há mais provas. "Nosso objetivo não é testar o aluno, mas realizar um diagnóstico para detectar deficiências no aprendizado e trabalhar esses pontos novamente", explica o professor Luciano Denardin de Oliveira. Por isso, o aluno não vê mais razão para se valer do "jeitinho brasileiro". Lá só se avalia o que já foi bem trabalhado e ninguém precisa colar fórmulas, pois elas ficam no quadro-negro, para todo mundo ver.
A prova com consulta é o melhor antídoto da cola para Gustavo Bernardo, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "A avaliação que dá margem à cola precisa ser abolida, proporcionando uma relação de confiança, não só do professor nos alunos, mas dos alunos no próprio saber."
As avaliações que Bernardo propõe têm o objetivo de estimular a capacidade de argumentação. Durante os testes, os alunos podem consultar cadernos, livros e até uns aos outros, desde que não copiem. "E a sala não vira uma bagunça."
Com a boca na botija
Mesmo professores que procuram diversificar os instrumentos de avaliação podem deparar com a cola em classe. Quando isso ocorria, a professora Jussara anotava o nome do estudante e mais tarde o chamava para uma conversa. Hora da bronca? Muito pelo contrário. O momento se transformava em um atendimento especial tanto na parte afetiva quanto cognitiva. Jussara mostrava aos alunos que era mais produtivo consultá-la do que recorrer ao colega ao lado: "Às vezes um grupo de alunos vinha à minha mesa dizendo não saber resolver uma questão. Se fosse preciso, respondia com eles".
Bernardo, por outro lado, não é nada tolerante com a "desonestidade intelectual" da cópia, mesmo sendo adepto de provas com consulta. Atento à facilidade propiciada pela internet, ele localiza informações roubadas de sites e dá zero ao aluno preguiçoso. "Se uma situação clara de desonestidade se apresenta, a repressão deve ser feita com rigor", argumenta. Para ele, os adolescentes precisam de regras e escola frouxa com as próprias leis ensina o aluno a colar. Isso não significa que você deve se transformar em detetive, investigador ou carrasco. Vale dizer que quanto mais autoritário o professor é com a turma, maior a probabilidade de ser vítima da cola.
Fazer vista grossa também não ajuda: se você finge que não vê, o aluno percebe o descaso e perde o respeito. O momento é de discutir com a classe o que a cola significa e debater a transparência nas relações. Bernardo aposta na abertura para o diálogo. Os alunos dele podem, por exemplo, reclamar da nota de uma avaliação, desde que o façam por escrito e assim exerçam a capacidade de argumentação. "Muitas vezes o resultado disso é melhor do que a prova."
No Colégio Estadual Emílio de Menezes, em Curitiba, a hora da prova não é momento de terrorismo, de acordo com o diretor Alcides José de Carvalho. "Damos mais ênfase à questão formativa e valorizamos o progresso do aluno independentemente de ele ser o 'melhor' ou o 'pior', da turma." Por isso, as situações de cola não são freqüentes.
Quando algum problema desse tipo acontece, o aluno é encaminhado para a orientação educacional. "Mostramos que a atitude não era correta", diz o diretor, enfatizando o cuidado de falar da atitude e não da pessoa. Ou seja, não é o aluno que está errado, e sim o que ele fez. "Temos uma grande função social de preparar o aluno para não compactuar com o modelo da chamada 'lei de Gerson', que defende que o importante é levar vantagem em tudo."
Lição para o aluno e o professor
Dentro dos padrões vigentes, a cola é um ato desonesto, assim como a mentira. Mas, para José Sérgio de Carvalho, professor de Filosofia da Educação da Universidade de São Paulo, quebrar regras nem sempre é sinônimo de falta de ética. Consultar anotações na hora da prova, para ele, não é motivo para criar um bicho-de-sete-cabeças. "Não há quem tenha freqüentado uma sala de aula sem colar ou cometer algum outro desvio das normas previstas pela escola."
A cola é uma situação potencialmente educadora, na opinião de Carvalho. "A aplicação de uma regra bem feita educa mais do que uma conversa." Para que isso aconteça, professor e alunos, juntos, devem ter discutido quais são as regras referentes ao momento da realização das provas e as possíveis punições a quem transgredi-las. Assim, o aluno saberá, de antemão, o risco que corre ao descumprir o combinado. Se pego em flagrante, deve ser devidamente punido. "Socrátes já dizia que a pena justa é aquela adequada ao delito e a quem o cometeu", cita Carvalho.
Quando a fraude ocorre e é descoberta é momento também de o professor refletir: o fato mostra que o aluno não está seguro. Mesmo sem ter aprendido, ele finge que sabe para não ser punido. "Se o estudante faz de conta que entendeu, o professor não fica sabendo qual a sua real condição e não pode ajudá-lo", diz Jussara Hoffmann. A cola, ela finaliza, é resultado de uma aprendizagem não significativa. "O aluno não cola aquilo que entende."
Refletir para entender a cola
Se a cola aconteceu em sua classe, talvez esse seja o momento de você pensar sobre o sistema de trabalho e de avaliação que vem adotando. Responder às perguntas abaixo pode ser uma boa forma de buscar soluções de fato eficientes para o problema.
. Pese o que você está exigindo nas provas. Para se sair bem nelas o aluno precisa decorar fórmulas e datas? O conteúdo que está sendo cobrado foi bem compreendido pela turma?
. Pense e discuta com colegas, alunos e direção se o método de avaliação adotado pela escola é justo e eficiente. É apenas a nota da prova que define o nível de aprendizagem da turma ou outras formas de avaliação estão sendo levadas em conta?
. Que importância você dá à nota da prova: é sempre um atestado de ignorância ou de inteligência? Ou você considera a prova uma forma de reorientar as suas ações?
. Que tal olhar sem preconceito para o aluno que foi pego colando e perguntar: por que fez isso? Teve um comportamento desonesto pura e simplesmente ou parecia inseguro e nervoso por não ter estudado direito? Às vezes o pavor é tanto que o aluno esquece tudo que estudou. Será que ele necessita de ajuda ou você precisa repensar a avaliação?
. Quando boa parte da turma tirou nota baixa, você aproveita para fazer uma auto-avaliação ou entende que o problema está na incapacidade de aprendizagem deles?
. Há transparência na sua relação com os alunos, com espaço, por exemplo, para discutir a nota?
. Antigamente, o professor podia sair da sala durante a prova, porque confiava nos alunos. Hoje, raros têm essa atitude. Imagine como seria se você deixasse seus alunos sozinhos durante a prova. Para você, isso mudaria o resultado da avaliação?
. Sua escola cria espaço para a discussão da ética? Sabemos que o comportamento ético chega a ser desestimulado na nossa sociedade competitiva e desigual. E se você transformasse o problema no mote de uma discussão?
. Você sabia que uma prova não prova nada? Uma cola também não. Se o aluno faz um lembrete não indica que ele é mau caráter.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O dizer "não" na educação


É muito comum os pais se queixarem que seus filhos não atendem aos nãos que eles lhes falam, ordenam, pedem, imploram ou mesmo quando  dão a entender...
Esta desobediência ao não dos pais é globalizada. Praticamente todas as crianças do planeta custam a obedecer os seus pais. Há exceções, que são raras, que confirmam a regra de que os filhos hoje estão desobedientes aos seus pais.
É bastante comum eu ouvir este lamento de mães dito com um grande desânimo: Meu filho não me obedece, grita comigo, faz só o que quer, me agride, me ofende... Então eu pergunto: Quantos anos ele tem?  Elas respondem: 2 anos!
Como pode uma criança de dois anos de idade tumultuar tanto a vida da sua mãe?
Digo com bastante convicção que é devido ao que o filho recebeu, como educação ou não, do que lhe aconteceu desde que nasceu. Raríssimos são os casos em que as crianças nascem desobedientes, como doenças psiquiátricas e graves transtornos psicológicos e de caráter. A maioria nasce absolutamente normal e vai se tornando inadequada ou deseducada aos poucos.
Um nenê que durma no colo para depois ser colocado no bercinho já começa um costume errado, pois lugar de dormir passa ser o colo e não o berço. Se, cada vez que acorda durante a noite, ele é pego no colo ele aprende que berço não é lugar para ele ficar, e passa a reivindicar a ficar no colo, onde irá adormecer. O nenê começa a formar a imagem de que só deve ir ao berço quando já estiver dormindo. Assim se ele for colocado no berço ainda acordado, ele se recusará a ficar no berço e criará mil desculpas próprias da idade para não ficar no berço. Sem dúvida é muito gostoso dormir no calor, no balanço e no afeto de um colo do que no bercinho. Não é natural no ser humano acordar em um lugar que ele não deitou.  Enquanto ele nada sabe, ele dorme em qualquer lugar, portanto ele após arrotar o que mamou deve ser colocado de lado no berço para dormir, por mais que os adultos queiram lhe dar colo. O nenê chorar no berço, gritar, dizer palavras incompreensíveis etc é uma defesa natural por preferir fazer o que aprendeu, dormir no colo. Ele já sabe que está lutando por um direito que ganhou dos pais que queriam muito mais agradá-lo do que não o educar. O nenê não está desrespeitando ninguém. São os adultos à sua volta que não souberam educá-lo a dormir sozinho no berço. Quem aprende dormir no colo não quer saber se naquela noite os pais não têm como dar-lhe colo. Ele luta para dormir no que já se acostumou: o colo.
Um ponto muito importante que todos os humanos deveriam saber é: “Ninguém sente falta do que não conhece, mas arca com suas consequências”.
Todos sabem que lugar do bebê dormir é no berço e não no colo, mas como a maioria não sabe que o local do bebê adormecer também deve ser no berço, arcam com as conseqüências de um bebê que acaba atrapalhando o sono dos pais e muitas vezes até separando os cônjuges. Amor é muito bom, mas não resolve este problema das noites mal dormidas de todos na família. Não é errando que se aprende, mas sim corrigindo o erro.
Assim também muitos nãos dos pais não são obedecidos principalmente pelos filhos:
  • que percebem que o não pode ser transformado em sim;
  • que nada lhe acontece se não obedecer ao não e continuar fazendo o que queria;
  • que os pais num dia dizem sim e noutro, não;
  • que basta questioná-los que eles deixam quando os pais não têm respostas;
  • que a boca diz não, mas os olhos dizem sim;
  • que a palavra diz não, mas todo o comportamento diz sim;
  • que o agora não se transforma em daqui a pouco pode.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/colunas/icami_tiba/2011/08/09/o-dizer-nao-na-educacao.jhtm