segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escolhendo a nova escola de seu filho: Além do professor, conheça a equipe que vai interagir com seu filho

Responsáveis por implementar o projeto pedagógico, os professores passam grande parte do tempo ao lado das crianças. Mas os docentes não devem ser os únicos profissionais levados em consideração na hora da escolha.




"É importante olhar a moça da cantina, o moço da perua. Todo o sistema educa e deseduca", afirma Ana Paula Corti, doutoranda em educação pela USP.


Segundo ela, os pais devem analisar como é a relação desses profissionais com os alunos e entre eles.

"Uma escola onde os funcionários são bem tratados é um bom sinal", afirma.

Com a experiência de já ter trabalhado dentro e fora da sala de aula, o ex-inspetor e hoje professor de educação física Ailton Rui Prado diz que todos os profissionais são importantes para o ensino.

"A escola funciona por meio dos funcionários, sem eles nada acontece."

Quando teve de escolher a escola para a filha, conversou com funcionários antes de tomar uma decisão. "Queria saber quem iria cuidar dela."

Outra dica para conhecer melhor a equipe pedagógica é saber há quanto tempo os docentes estão no colégio. "Se a rotatividade é alta, pule fora", recomenda Artur Costa Neto, diretor do Sindicato dos Professores de São Paulo.

Ao visitar a escola, os pais devem procurar saber qual é a formação dos docentes e dos auxiliares dos professores e se a escola facilita e incentiva a atualização de seu quadro de funcionários.


TROPEÇO


Conversar apenas com o diretor - Segundo especialistas, procurar apenas pela direção ou coordenação pedagógica é insuficiente, já que alguns supervalorizam o colégio na hora de "vendê-lo". 


"É importante conversar com os professores fora do ambiente escolar", diz Ana Paula Corti. Dessa forma, eles podem dar mais detalhes sobre o clima e a convivência entre os alunos. Outros funcionários também devem ser ouvidos informalmente. Além de recomendar bate-papo com os docentes, Artur Costa Neto afirma que outro modo para descobrir se a escola dá autonomia a eles é perguntar se a direção realiza reuniões semanais para discutir questões pedagógicas.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ensino integral: mais tempo para ensinar. E agora?


A extensão da carga horária impacta a rotina da escola. Nesta reportagem, os desafios que a equipe gestora precisa enfrentar - e as soluções de cada um deles.


Mesmo que a instituição em que você trabalha ainda não esteja atendendo os alunos em tempo integral, certamente a discussão sobre a ampliação da carga horária já chegou às reuniões dos gestores, pois está na pauta de todas as Secretarias de Educação do país. A oferta de vagas em jornada de no mínimo sete horas vem aumentando ano a ano - e virou política pública prioritária, tanto que o objetivo do Plano Nacional de Educação (PNE) é chegar a 2020 com metade das escolas e um quarto dos alunos das redes públicas nesse regime (veja gráfico abaixo).

Para as escolas, trata-se de uma mudança e tanto. É preciso ampliar o currículo, rever a duração das aulas e adaptar os espaços. Ainda é preciso reorganizar as turmas e o número de professores e funcionários e recalcular a quantidade de material e merenda. Para o bem e para o mal, não existe um modelo de organização nem tampouco um consenso sobre de que maneira as horas a mais podem contribuir para a aprendizagem dos alunos. Se por um lado as redes e as unidades têm liberdade para decidir o que fazer com as horas que passam a mais com as crianças, por outro há o risco de a falta de parâmetros levar a ações vazias e sem impacto na formação dos alunos.

Contudo, há alguns consensos. O primeiro é que somente ter uma carga horária maior não é determinante para que os estudantes tenham bom desempenho - entre os primeiros colocados do Programa Internacional de Avaliações de Alunos (Pisa), estão os finlandeses, cuja jornada é de cinco horas nas séries iniciais. "Ficar mais na escola só é bom para o estudante quando as atividades são planejadas e têm objetivos claros e há um maior contato dele com o conhecimento", afirma Sergio Martinic, professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUC-Chile) e pesquisador da relação entre tempo e aprendizagem. Daí a importância de investir na decisão sobre o currículo.

Outra unanimidade entre os especialistas é a importância social da permanência na escola. No Brasil, essa concepção remete aos ideais dos educadores Anísio Teixeira (1900-1971) e Darcy Ribeiro (1922-1997). Para eles, a instituição de ensino deve investir também na formação humanística e na inserção social dos alunos (leia a linha do tempo na próxima página).

É justamente este um dos principais argumentos do Ministério da Educação (MEC) na defesa da expansão do ensino integral: diante das desigualdades sociais, é preferível que os educadores se responsabilizem pelas crianças por mais tempo a deixá-las nas ruas. "Em muitas famílias, não há quem as mantenha afastadas da violência", afirma Jaqueline Moll, diretora de Educação Integral do MEC.


Crescimento veloz Com esse objetivo, o Programa Mais Educação, criado pelo governo federal em 2007, financia o aumento da carga horária nas redes estaduais e municipais, priorizando as unidades localizadas em regiões de vulnerabilidade social e com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Até 2011, cerca de 15 mil instituições haviam aderido ao programa. A questão é: como vencer o desafio de ampliar a oferta justamente nos locais que são mais carentes de recursos e infraestrutura?

Segundo Jaqueline, é possível chegar a uma solução sem gastar muito em reformas estruturais ou na contratação de pessoal. O Mais Educação aposta na colaboração de instituições vizinhas à escola que possam ceder seus espaços e no trabalho de voluntários - preferencialmente universitários, professores aposentados e especialistas - dispostos a contribuir com seu conhecimento específico (um mestre de tae kwon do ou de xadrez, por exemplo) para a formação das crianças. Nesse caso, as despesas de transporte e alimentação são custeadas pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). O MEC sustenta que o contato com os profissionais externos traz novas experiências à escola e a aproxima da comunidade - argumento que também justifica a utilização de locais alternativos para as atividades, como quadras públicas, praças, parques e centros culturais.

Nos pontos relativos aos profissionais que ministram as oficinas e os lugares em que elas acontecem, o governo encontra alguma resistência. Boa parte dos educadores defende que as funções de ensinar devem ser ocupadas por docentes especializados - necessitando, nesse caso, ampliar as contratações da rede para atender à demanda. "Educação de qualidade se faz com profissionalismo. O ideal é que os alunos estejam sempre acompanhados por gente preparada para educar e que receba formação específica para isso: os professores", defende Lígia Martha Coelho, coordenadora do Núcleo de Estudos de Tempos, Espaços e Educação Integral, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Em relação aos espaços alternativos, Lucia Helena Alvarez, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que as parcerias não podem servir para tapar buracos: "A formação humana e social faz parte da concepção de ensino integral e, por isso, a escola precisa se relacionar com o entorno. Contudo, isso não pode ser desculpa para a falta de infraestrutura. A instituição precisa ser suficientemente equipada para atender à demanda de aulas".

Como não há modelos definidos, é possível encontrar no Brasil vários arranjos de tempo e espaço funcionando de forma eficaz. Algumas iniciativas - como contratações, reformas estruturais e aumento da merenda - deverão ser assumidas pela rede de ensino. Outras dependem de decisões da equipe gestora. E é nos pontos que estão a cargo da escola que esta reportagem irá se focar. Aqui, você vai conhecer os principais desafios que a instituição enfrenta na hora de ampliar a jornada e como solucioná-los.
O número de matrículas em ensino integral* na Educação Básica no ano passado foi cinco vezes maior que há cinco anos. Mas isso ainda é apenas um sexto da meta do Plano Nacional da Educação para 2020.
Crescimento veloz. Ilustrações em papel Larissa Ribeiro
* Carga horária diária igual ou superior a sete horas/ ** Projeção/ Fonte: MEC,




Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/ensino-integral-mais-tempo-ensinar-agora-700028.shtml

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Semana da Educação - Unicamp: "Educador, que Formação é essa?"

De 17 a 21 de setembro de 2012




A Semana da Educação é evento anual, organizado pelos estudantes da Faculdade de Educação da Unicamp.
Aberto a toda pessoa interessada em debater educação, estudantes de pedagogia, licenciaturas, de pós-graduação e profissionais que trabalham no âmbito educacional.


“Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças” é com este pensamento que Eduardo Galeano nos brinda para pensarmos a respeito de educação. Num mundo cada vez mais cheio da racionalidade de governar máquinas e coisas, a educação assume uma função bastante significativa. Afinal, o que é formação humana para (futuros e futuras) educadores ou educadoras? Formar para quê?



Para maiores informações sobre o evento, programação e inscrições, acesse:

www.semanadaeducacao2012.blogspot.com.br




NOS VEMOS LÁ!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A autonomia da criança na resolução de conflitos

Os conflitos em nossa vida são inevitáveis, já que convivemos coletivamente, e as pessoas são diferentes de nós com relação às ideias, às convicções, aos objetivos, valores e personalidade.
Mas como incentivar que a criança haja diante deles?






As insatisfações ocorrem desde a infância, por motivos inúmeros, muitas vezes banais para nós, adultos, mas totalmente relevantes para os participantes.

Uma disputa por um brinquedo no parquinho, a vontade não correspondida de adentrar a uma panelinha de amigos, uma chamada de atenção da professora que o aluno não gosta, a obrigatoriedade do cumprimento de regras em casa e na escola, um tom de voz mais alto do colega com quem brincava, uma briga de criança... Enfim, são inúmeras as possibilidades de situações que podem despertar a insatisfação.



Diante das situações, as crianças correspondem de maneiras diferentes, dependendo de sua iniciativa (que muitas vezes é interferida pela educação à que é subordinada):


Choram: 


Como resultado da impotência que está interiorizada, a criança chora de desespero, de tristeza, de raiva, ou simplesmente porque não sabe como resolver o conflito de uma outra maneira.

Muitas vezes, o choro acarreta na resolução do problema, pois muitos educadores, equivocadamente, cedem à esta atitude, oferecendo auxílio, consolo, que não ocorreria caso o choro não tivesse acontecido.





A criança percebe a consequência de sua atitude e a partir de então chora cada vez mais alto para que a solução venha mais rápido. Está errado!








Batem: 

Muitas crianças, não sabendo conversar e expressar seu descontentamento diante da situação através de diálogo, utilizam da força para impor sua vontade. Muitas vezes funciona, e quando a criança percebe isso, o faz com maior frequência. Cabe aos educadores e pais perceberem a situação e não permitirem, oferecendo outra opção de resolução do conflito.




"Deduram" o colega (ou a professora, ou irmão, a mãe, seja quem seja...): 

Por incrível que pareça, esta é uma situação bastante comum e inclusive estimulada por muitos "educadores" e pais, equivocados em sua prática.
A criança depara-se com uma dificuldade à qual não sente-se capaz em resolver sozinha.
Ao invés de conversar com o colega, sai logo correndo e conta para quem a protege, ao seu modo, parcial e manipulador (já que a intensão é resolver o problema e muitas vezes, tem-se parcela nele).
O protetor, então, toma partido da situação (sem nem ao menos ser democrático e justo em ouvir os diferentes lados da situação).
Ao notar a facilidade que é contar o acontecido para alguém maior, mais forte, que o ajude sem pestanejar, as crianças tendem a agir de má fé, dramatizando muitas situações para beneficiar-se da maneira como lhe é permitida, ou ainda inventam situações de conflito com o mesmo objetivo.



O que muitas vezes passa desapercebido é que quem educa possui o poder transformador, e tem nas mãos a oportunidade de permitir situações que durarão na infância, e se alongarão até a vida adulta (já que sabe-se de que a personalidade e os valores do ser são em grandíssima parte formados enquanto crianças), sendo elas adequadas ou inadequadas.



Como agir adequadamente?


Incentive seu aluno, seu filho, seu irmão mais novo... a utilizar dos recursos de seu próprio corpo para resolver de forma inteligente e honesta o conflito: a cabeça (para pensar), e a boca (para falar).

Tem um problema com alguém? Está chateado? Chame-o, e diga: "Eu não gostei!", demonstrando todo o sentimento que a situação causou. Esta atitude pode ser tomada por crianças desde que aprendem a falar, e deve ser estimulada desde então. Incentiva a expressão de seus sentimentos, de suas insatisfações, e este é um passo muito importante, já que muitos adultos não apresentam esta capacidade e sofrem nos relacionamentos por isso. A partir de então, o próximo passo é a argumentação, que acaba ocorrendo naturalmente neste processo.

Importante dizer que a mesma boca que diz, com muita braveza: "Eu não gostei!", deve dizer com mansidão: "Me desculpe..." quando a reflexão acusar que errou.

Quando toma-se partido do conflito de alguém, julga-o incapaz e subordina-o a esta condição.

É lógico que não devemos ser radicais, e não atuar diante de nenhum conflito, mas a atuação do educador diante disto deve ser intermediadora entre os participantes, e NADA diferente disso, por mais que saibamos quem está com a razão.

A capacidade de resolver conflitos acarreta em:

- melhora da autoestima, 
- maior autoconfiança,
- desenvolvimento da racionalidade,
- maturidade emocional.


Não devemos perder nenhuma oportunidade de incentivar alguém a formar-se quando "solucionador" de seus próprios conflitos, e desta forma ajudaremos a formar adultos que sabem fazê-lo de forma inteligente e ponderada, defendendo assim seus objetivos e valores.


Maiara Roncolatto de Carvalho